Para alcançar uma sociedade sustentável no futuro sem esgotar os recursos finitos da Terra, um dos desafios atuais é revisar o modelo de negócios que tem sido adotado até então. É imperativo entender como produzir com qualidade explorando o mínimo de recursos e energia.

Desde a Primeira Revolução Industrial, a humanidade tem seguido uma abordagem linear em relação ao uso dos recursos naturais. O processo consiste em extrair, transformar, fabricar, usar e descartar os recursos. 

A economia linear prevalece na sociedade atual. De acordo com dados do Global Circularity Gap Report 2018, apenas 9% da produção do mundo é circular. Isso significa que apenas 9% dos 92,8 bilhões de toneladas de minerais, metais, biomassa e combustíveis fósseis que entram na economia são reaproveitados a cada ano. 

Para estabelecer um desenvolvimento sustentável são necessárias mudanças profundas na forma como nossas sociedades e negócios são organizados. É neste contexto que surge o modelo de economia circular, uma abordagem que propõe inovação e integração entre ecossistemas naturais, negócios, nossa vida diária e gestão de resíduos. 

Neste artigo, você conhecerá o que é economia circular e quais suas diferenças em relação à economia linear. Confira ainda uma série de exemplos práticos.

Aproveite o conteúdo!

Economia circular: conceito e objetivo

É possível desenvolver o modelo de economia circular ao mesmo tempo em que se alcança o progresso!

A economia circular é uma estrutura que estabelece uma relação entre diferentes formas de criação e conservação de valor, por exemplo, por meio da reutilização, reforma, remanufatura ou reciclagem. 

O objetivo principal é adotar uma perspectiva sistêmica de ações e buscar harmonizar objetivos econômicos, ambientais e sociais. 

Enquanto na economia linear os recursos naturais brutos são explorados, transformados em produtos e descartados, o modelo de economia circular visa fechar a lacuna entre a produção e os ciclos dos ecossistemas naturais, lançando mão de estratégias como a reciclagem e reaproveitamento. 

Além de saber o que é economia circular, outra questão é: como isso acontece na prática?

Pode-se buscar a compostagem de resíduos biodegradáveis e, se for um resíduo transformado e não biodegradável, reaproveitá-lo, remanufatura-lo e finalmente reciclá-lo. Pode-se também reduzir e eliminar o uso de substâncias químicas altamente nocivas, auxiliando na regeneração dos sistemas naturais, apostando nas energias renováveis.

O que é economia circular?

Fórum Econômico Mundial
“Uma economia circular é um sistema industrial restaurador ou regenerativo por intenção e design. O conceito substitui a ideia de fim de ciclo de vida pela restauração, muda para o uso de energia renovável, elimina o uso de produtos químicos tóxicos, que prejudicam a reutilização e o retorno à biosfera. Além disso, visa à eliminação de resíduos por meio do design superior de materiais, produtos, sistemas e modelos de negócios inovadores.”

Ellen McArthur Foundation
Olhando para além do atual modelo industrial extrativo do tipo take-make-discard, uma economia circular visa redefinir o crescimento, com foco em benefícios positivos para toda a sociedade. Implica desvincular, gradualmente, a atividade econômica do consumo de recursos finitos e projetar os resíduos para fora do sistema. Apoiado por uma transição para fontes de energia renováveis, o modelo  de economia circular constrói capital econômico, natural e social. Baseia-se em três princípios: eliminar resíduos e poluição; manter produtos e materiais em uso; regenerar sistemas naturais.

A economia circular é disruptiva: uma abordagem que rompe com a lógica atual de produção

Já pensou nas inúmeras vantagens em adotar a economia circular?

O conceito de economia circular pode parecer novo, mas é centenário. O economista alemão Wassily Leontief idealizou esse sistema em 1928 por meio de sua obra “The Economy as Circular Flow”.

Na prática, essa abordagem começou a ganhar relevância e espaço, se consolidando como uma tendência, depois que a Ellen MacArthur Foundation deu início a um movimento internacional de divulgação de ideias e projetos orientados pelo sistema circular.

Atualmente, a estrutura da sociedade e das empresas é orientada pelo sistema linear de “fazer e descartar”, que leva ao esgotamento dos recursos naturais e gera um volume imenso de resíduos. 

O processo produtivo gera um desperdício de matéria-prima excessivo. Isso sem contar na quantidade de produtos descartados indevidamente com pouco tempo de uso. 

Definitivamente, a economia linear é falha e compromete a sustentabilidade do nosso planeta. Por isso, é tão importante repensar esse modelo e buscar uma abordagem restauradora, como propõe a economia circular. 

Conforme projeção da Ellen MacArthur Foundation, a criação de modelos de negócios inovadores, baseados na lógica da economia circular, poderia gerar mais de 100 mil novos empregos em cinco anos. 

Para tanto, as empresas precisam se concentrar no desenvolvimento de cadeias de abastecimento circulares que sejam capazes de aumentar a taxa de reciclagem, reutilização e remanufatura.

No mesmo estudo, a Fundação estimou ainda que a adoção do sistema circular poderia gerar mais de US$ 1 trilhão por ano para a economia global até 2025.

Economia circular no mundo

A boa notícia é que algumas boas práticas orientadas pela economia circular já foram adotadas em vários países. 

A China foi a primeira nação a adotar políticas nacionais de economia circular quando, em 2008, publicou a “Lei de Promoção da Economia Circular da República Popular da China”.

Seguindo a mesma tendência, a Comissão Europeia adotou um ambicioso Pacote de Economia Circular. O objetivo é ajudar as empresas e consumidores europeus a fazerem a transição para uma economia mais forte e circular, viabilizando o uso dos recursos de uma forma mais sustentável.

Na Holanda, a cidade de Amsterdã é considerada a líder mundial no que diz respeito à economia circular. No último ano, a publicação da Estratégia Circular 2020-2025 apontou que a cidade tem duas metas importantes: reduzir pela metade o uso de matérias-primas primárias até 2030 e tornar-se 100% circular até 2050.

Economia circular: 3 exemplos práticos

É preciso conhecer, respeitar e praticar os processos da natureza.

Muito além das políticas de gestão pública, algumas empresas já passaram a adotar os princípios da economia circular na definição dos seus processos de produção. Confira três exemplos práticos que ilustram essa abordagem!

Reciclagem de telefone celular

No mercado de telefonia móvel, muitos fabricantes oferecem aos clientes modelos recondicionados a preços mais baixos. Além disso, outra iniciativa sustentável é a criação dos programas de troca de telefone celular em que os usuários podem obter crédito para um novo dispositivo devolvendo um antigo. 

Dessa maneira, é possível garantir o retorno direto dos recursos para as mãos dos fabricantes. A ação também melhora a fidelidade e a percepção da marca. Com esses aparelhos em mãos, as empresas podem trabalhar para consertar dispositivos antigos ou reciclar suas peças para uma nova produção.

Moda Sustentável

Mais de US$ 500 bilhões são perdidos devido à subutilização de roupas ou à falta de reciclagem de têxteis. A moda sustentável é um movimento em resposta às práticas prejudiciais nos mercados da moda rápida (ou fast fashion, como é conhecido). 

As roupas fast fashion têm um preço barato que não reflete o impacto negativo do desperdício, estimado em cerca de US$ 192 bilhões de dólares anualmente. A moda sustentável trabalha para prolongar o ciclo de vida das roupas durante o uso pelo consumidor. Além disso, busca trabalhar com tecidos de qualidade e duráveis. 

No que diz respeito à gestão, a busca é por modelos de negócios inovadores que trabalhem a partir do redesenho e reparo do produto. A moda sustentável promove ciclos de uso mais longos e obtém sua matéria-prima de roupas ou tecidos descartados.

Parcerias entre setores

Quando os resíduos de uma empresa podem se tornar matéria-prima de outra empresa, a economia circular manifesta-se. Mundo afora, algumas iniciativas valiosas já proporcionam ótimos resultados.

Nos Estados Unidos, o The Plant in Chicago é uma unidade de pesquisa e produção que abriga uma variedade de empresas – desde uma cervejaria, uma chocolateria e um supermercado local – que usam os subprodutos uns dos outros para criar uma instalação de desperdício zero. 

O objetivo do The Plant é gerar modelos de economia circular replicáveis ​​para estimular o desenvolvimento de modelos de negócios com desperdício zero.

Economia circular: começando pela adoção de práticas sustentáveis 

Equalizar ações entre grupos de empresas é um caminho excelente para a economia circular.

Cada vez mais, as empresas se veem diante do desafio de garantir o uso eficiente dos recursos naturais, contribuindo para reduzir o impacto ambiental da sua operação. 

Até aqui, aprendemos o que é economia circular e conhecemos algumas das aplicações práticas do conceito. O desafio das companhias é incorporar os princípios desse sistema em todos os processos, produtos e serviços.

Reduzir o uso de recursos não renováveis, reaproveitar resíduos, reciclar, incorporar critérios de design ecológico aos processos e aumentar a conscientização sobre essas questões são algumas das abordagens possíveis. 

Desenvolver uma estratégia de logística reversa, por exemplo, é uma das maneiras de começar a fortalecer a abordagem da economia circular na sua companhia. 

Na Ingram Micro, manter uma operação sustentável é uma de nossas prioridades. Somos uma empresa preocupada com as questões ambientais e autoridade no assunto. Por isso, buscamos fornecer as melhores soluções para que você possa inovar e adotar uma estratégia sustentável na sua companhia também.
Quer saber mais? Confira nosso artigo: Tecnologia sustentável: oportunidades e desafios.

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Paulo Batista

Paulo Batista

Paulo Batista é Gerente Sênior de Unidade de Negócios na Ingram Micro Brasil, lidera a divisão de Lifecycle Services, que abrange as áreas de ITAD, Logística Reversa, e HW ProServices. Com duas décadas de expertise em Serviços de TI e experiência sólida nas indústrias de Manufatura, Logística e Reparo, vem desempenhando papéis-chave em renomadas empresas como LG, Microsoft e Flex. É membro ativo do Conselho Global da E-Stewards e advisor na RLA (Reverse Logistics Association). Formado em Administração de Empresas, MBA em Negócios Internacionais, Especialização em Supply Chain pela Rutgers University em NY/USA, e MBA em Negócios Digitais pela USP, além de certificações em Economia Circular e Lean Green Belt, fortalecendo ainda mais o comprometimento com práticas sustentáveis e eficiência operacional.