Acessibilidade digital: caminhos para uma tecnologia inclusiva
A internet tornou-se uma ferramenta indispensável para a nossa rotina diária. Seja para o trabalho, seja para lazer, a rede fornece acesso a informações, serviços e entretenimento. No entanto, a acessibilidade digital ainda não permeia a totalidade da internet.
No Brasil, segundo estudo da BigDataCorp, menos de 1% dos sites brasileiros aderiram corretamente às boas práticas da acessibilidade digital. A falta de recursos acessíveis dificulta a vida das pessoas com deficiência, comprometendo a experiência de uso de sites.
Dessa maneira, sendo que o estudo analisou mais de 21 milhões de páginas no país, cerca de 99,54% delas possui alguma falha de acessibilidade em parte dos testes aplicados.
Nesse contexto, a acessibilidade digital requer que padrões para um desenvolvimento web mais inclusivo sejam aplicados na prática. O objetivo é tornar a experiência de uso possível e fluida para todos os usuários.
Neste artigo, apresentamos tudo o que você precisa saber sobre acessibilidade digital e tecnologia inclusiva. Confira!
O que é acessibilidade digital?
A acessibilidade digital é a prática de projeção da tecnologia para que esta seja utilizável pelo maior público possível. À medida que recursos digitais se tornam cada vez mais enraizados, é de suma importância que empresas de todos os segmentos contribuam para promover a igualdade e diversidade.
Além disso, o acesso à informação e aos serviços – em todos os meios, inclusive na internet – é um direito da população, previsto na declaração Universal dos Direitos Humanos, publicada em 1948.
Na linha do tempo da acessibilidade no mundo, 2006 foi um marco importante, dada a realização da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. No Brasil, três anos mais tarde, o governo sancionou esse documento em caráter de emenda constitucional.
O avanço mais relevante se deu em 2015, com a promulgação da Lei Brasileira da Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), cujo artigo 63 obriga a acessibilidade digital nos sítios da internet.
A acessibilidade digital é um direito fundamental para que todas as pessoas possam realizar funções básicas online de maneira independente, com autonomia.
Qual é a importância da acessibilidade digital?
Como abordamos ao longo do texto, as práticas que visam a acessibilidade digital garantem uma experiência positiva e fluida para todos os indivíduos com acesso à internet, tudo de maneira independente.
Na prática, significa garantir que limitações e deficiências não impliquem em dificuldades para adquirir informações na internet, realizar interações ou desfrutar dos serviços disponíveis, de maneira eficaz, integrada e com facilidade de uso.
Boas práticas de acessibilidade digital
Como vimos até aqui, a acessibilidade digital é fundamental para a equidade de todos. Mas, afinal, como tornar as redes mais acessíveis? Confira algumas práticas essenciais abaixo:
Descrição de imagens
Em todo e qualquer conteúdo digital um texto alternativo deve ser inserido. Isso abarca toda imagem ou conteúdo não-textual relevante, como fotos, gráficos, organogramas, ilustrações e imagens que substituem botões ou links.
Veja como descrever as imagens com clareza:
- Identificar o tipo de imagem e personagem: relatar se consiste em uma foto, ilustração, mapa, gráfico, entre outros. Em seguida, descrever quem ou o que está presente na imagem;
- Localizar: demonstrar o local, apresentando características que o definam;
- Descrever a ação: o que o personagem faz e como faz;
- Referenciar na linha do tempo: descrever quando acontece, momento do dia, etc.
Audiodescrição em vídeos
Para promover a acessibilidade digital, o ideal é criar um descritivo curto para vídeos. O recurso ajuda as pessoas a entenderem o conteúdo apresentado. Nos vídeos, procure colocar legendas embutidas, facilitando o entendimento de quem não consegue ouvir ao conteúdo exibido.
Em legendas, prefira tamanhos de fonte maiores e fundo em alto contraste (preto). São dois os tipos de legendas mais usados:
Legendas Open Caption: embutidas no vídeo, podem ser usadas quando não é possível colocar legendas ao publicar o conteúdo ou compartilhar em redes sociais, por exemplo, em comunicadores, como WhatsApp, Telegram, etc.
Legendas Closed Caption: nesse modelo, a plataforma permite que se habilite ou desabilite as legendas, por exemplo, em serviços como Youtube.
Audiodescrição
Usada para garantir a acessibilidade digital de vídeos, a audiodescrição permite a transformar imagens em palavras. Trata-se de uma interpretação do conteúdo visual em áudio, que deve ser pensada ainda na fase de roteirização dos vídeos.
Avatar digital para interpretação em Libras
Na produção de vídeos, lembre-se de deixar uma área reservada para a janela de Libras à direita da tela. Nessa composição, garanta contraste com o fundo do vídeo.
Se o projeto não tiver margem para a contratação de um intérprete de libras, considere usar o recurso de avatar digital, que garante a acessibilidade igualmente.
Escolha de fontes, cores e tamanhos acessíveis
Na acessibilidade digital, os detalhes fazem toda a diferença. Por isso, escolha as fontes, tamanhos e contrastes de cores – entre fundo e textos de primeiro plano – com máximo cuidado.
As informações de imagens, gráficos e outros elementos visuais também devem ter um contraste adequado. O ideal é medir o contraste em pelo menos três lugares diferentes: tom mais escuro, mais claro e médio. A escolha errada do contraste pode criar barreiras e até impedir o usuário de realizar uma ação específica.
De outro modo, avalie também o tipo e tamanho da fonte. Por exemplo, se a fonte é muito fina e pequena, o contraste deve ser maior.
No mercado, já existem ferramentas que mostram se os contrastes estão adequados e se o tamanho da fonte está em conformidade com a cor.
Conheça as Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web
As Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (Web Content Accessibility Guidelines – WCAG) são um conjunto de recomendações de acessibilidade digital.
As orientações do WCAG são definidas pelo W3C (World Wide Web Consortium), organização fundada por Tim Berners Lee, que publica padrões de desenvolvimento para a construção da Web.
O WCAG é organizado em 4 princípios de acessibilidade digital, confira:
Perceptível
Os componentes de informação e interface do usuário devem ser apresentáveis aos usuários de maneiras que eles possam perceber. O propósito é garantir que o conteúdo seja compreensível e não seja difícil de encontrar. As informações devem ser perceptíveis diretamente pelo usuário ou por tecnologias assistivas.
Operável
Os componentes da interface do usuário e a navegação devem ser operáveis para todos os usuários. Para isso, uma boa dica é mantê-lo simples e direto.
Compreensível
As informações e o funcionamento da interface do usuário devem ser compreensíveis. Portanto, é preciso usar uma linguagem clara e simples, organizar o conteúdo de maneira lógica e fornecer instruções e feedback aos usuários.
Robusto
O conteúdo deve ser robusto o suficiente para ser interpretado de forma confiável por uma ampla variedade de agentes do usuário, incluindo tecnologias assistivas.
Níveis de acessibilidade digital segundo a WCAG
No escopo do WCAG, os 4 princípios de acessibilidade (Perceptível, Operável, Compreensível e Robusto) que vimos até aqui contam com critérios de sucesso classificados em 3 categorias de conformidade (A, AA e AAA).
Eles indicam os níveis de acessibilidade digital, mudando conforme a adesão a um maior número de recursos, ganhando mais uma letra “A”, sendo a AAA o nível máximo. Veja abaixo:
A (básico)
Seguindo as diretrizes do nível A, o site garante conformidade com o nível mais básico de acessibilidade digital. São critérios importantes:
- Ter um texto equivalente para o conteúdo não textual (imagens e vídeos);
- Garantir acesso ao conteúdo usando apenas um teclado;
- Incluir rótulos ou instruções nos formulários, para que os usuários saibam o que se espera deles;
- Fornecer acesso ao conteúdo por meio de tecnologias assistivas, como leitores de tela.
AA (intermediário)
Conhecido como intermediário, o nível AA é, normalmente, é recomendado por órgãos competentes, tanto nacional quanto internacionalmente, como o nível mínimo a ser atingido.
Par alcançá-lo, é preciso adotar diretrizes que tornam o conteúdo da web mais acessível. São exemplos:
- Tornar o conteúdo mais fácil de entender para todos os usuários e durante a experiência em dispositivos móveis;
- Criar textos alternativos e/ou legendas para todo o conteúdo de mídia;
- Fornecer maneiras de navegar pelo conteúdo usando títulos e rótulos;
- Garantir que o conteúdo seja visível e legível quando ampliado até 400%.
AAA (avançado)
O nível AAA é o nível de conformidade desejado, pois é aquele que conseguirá tornar o conteúdo web mais acessível ao maior número de pessoas. Para chegar nesse nível, é importante:
- Certificar-se que as legendas e as descrições de áudio estejam sincronizadas com o conteúdo de vídeo;
- Fornecer maneiras de controlar animações e movimentos acionados pela interação do usuário,
- Garantir que o texto seja visível e legível quando exibido sobre imagens ou gradientes;
- Fornecer maneiras de navegar pelo conteúdo usando pontos de referência, títulos e controles personalizados;
- Garantir que todos os aspectos da interface do usuário sejam operáveis com um teclado.
Tecnologia responsável com a Ingram Micro
Para as empresas, investir na implementação da acessibilidade digital é uma maneira de democratizar o acesso à informação e aos serviços.
Observando as diretrizes do WCAG, as companhias podem garantir a conformidade, contribuindo para a acessibilidade e qualidade de vida das pessoas, por meio da compreensão e controle independente na navegação pela internet.
Gostou do conteúdo e quer saber mais sobre boas práticas tecnológicas e soluções responsáveis? Continue acompanhando blog da Ingram Micro.
Este artigo foi útil?
Comentários (0)
Deixe seu comentário