Com a rápida obsolescência dos dispositivos eletrônicos, o descarte de eletrônicos tornou-se um desafio ambiental significativo. Estima-se que cerca de 500 milhões de celulares não utilizados estejam acumulados nas residências, enquanto outros aparelhos, como TVs, computadores e tablets, também atingem rapidamente o fim de sua vida útil. 

De acordo com WEEE Forum, ao menos 5 bilhões de celulares se tornaram lixo eletrônico no ano de 2022. Infelizmente, a maioria dos produtos acaba parando em aterros sanitários e, sendo assim, apenas 12,5% da sucata eletrônica é reciclada

Por não entender qual é a forma correta de descartar o lixo eletrônico, uma série de impactos já vem acontecendo no meio ambiente, comprometendo a sustentabilidade do planeta. 

Neste artigo, apresentamos a importância do descarte de eletrônicos de forma correta e as melhores práticas para garantir a reciclagem desses produtos. Confira!   

O que é o lixo eletrônico?

O lixo eletrônico, também conhecido como sucata eletrônica, refere-se aos resíduos gerados a partir de dispositivos eletrônicos que não são mais usados, estão quebrados ou se tornaram obsoletos. 

De forma simples, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) define lixo eletrônico como qualquer aparelho que funciona com energia elétrica e que já não pode mais ser utilizado. Isso inclui desde celulares e computadores até eletrodomésticos e brinquedos eletrônicos. 

Para facilitar a compreensão do que é este tipo de lixo, o termo Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE) foi criado para designar, portanto, todos os dispositivos eletrônicos, bem como suas partes e acessórios descartados, que já não possuem mais a intenção de reuso.  

O que caracteriza um REE é que, em sua composição, esses equipamentos contêm vários produtos químicos e materiais tóxicos e perigosos. Se não é realizado o descarte correto de lixo eletrônico, esses componentes são liberados no meio ambiente contaminando a água, o solo e prejudicando a saúde das pessoas. 

O descarte de eletrônicos, quando feito de maneira incorreta, representa um risco para as pessoas e o meio ambiente. Por isso, o cuidado com a sucata eletrônica deve ser uma preocupação de todos. Empresas e cidadãos têm o dever de priorizar o manejo adequado e a reciclagem, visando recuperar o material de dispositivos antigos para uso em novos produtos.
A reciclagem é um dos principais processos do descarte de eletrônicos correto.

O descarte de eletrônicos e obsolescência programada 

O volume crescente de lixo eletrônico é resultado, principalmente, da técnica de obsolescência programada. O método é usado por fabricantes para incentivar a compra de novos produtos, mesmo que aqueles que você possui estejam em perfeitas condições de funcionamento, o que aumenta o descarte de eletrônicos. 

Na prática, trata-se de produzir itens com a duração de sua vida útil predefinida. Um exemplo simples. Pare e pense: quantos celulares você já teve na vida? A resposta fornece uma ideia da dimensão do impacto do lixo tecnológico para o planeta. 

De acordo com a MarketWatch, em 2018, os consumidores trocavam seus celulares a cada 15 meses. Isso sem contar o descarte de outros tipos de eletrônicos!  

Quais são os tipos de lixo eletrônico?

Alguns tipos de resíduos não podem ser descartados no lixo comum devido aos riscos que representam. O lixo eletrônico está nesse grupo e recebe uma classificação especial e vai muito além dos smartphones e TVs. 

Primeiro, eles são considerados resíduos sólidos em geral. Em seguida, são classificados como classe 1, o que significa que são perigosos. Isso inclui itens eletrônicos como impressoras, celulares, televisores e lâmpadas.

  • Equipamentos que regulam temperatura: refrigeradores, freezers, geladeiras, ar condicionados e freezers;
  • Telas e monitores: televisores, notebooks e tablets;
  • Equipamentos de telecomunicações: celulares, GPS, roteadores, computadores, impressoras e telefones;
  • Equipamentos pequenos: aspiradores de pós, micro-ondas, ventiladores, torradeiras, calculadoras, rádios e câmeras; 
  • Equipamentos grandes: máquinas lava louças e lava roupas, fogões elétricos, copiadoras e painéis solares;
  • Lâmpadas. 
De refrigeradores a celulares, descartar corretamente o lixo eletrônico é importante para proteger o meio ambiente.

Cada um desses tipos de lixo eletrônico contém materiais que podem ser reciclados ou que precisam de tratamento especial para evitar danos graves ao meio ambiente. 

O descarte correto de eletrônicos não só é importante para o planeta, mas é também uma responsabilidade para as empresas. Quer saber mais? Aprenda sobre ITAD! 

Como funciona o descarte do lixo eletrônico de forma correta?

Descartar corretamente o lixo eletrônico é importante para proteger o meio ambiente e recuperar materiais valiosos. Aqui estão algumas etapas simples para garantir que você descarte o lixo eletrônico de forma correta:

  • Reúna seus itens: procure pela sua casa todos os dispositivos eletrônicos que você não usa mais; 
  • Apague dados pessoais: antes de descartar qualquer dispositivo, certifique-se de apagar todos os dados pessoais. Isso é muito importante para proteger os dados de celulares e computadores; 
  • Procure pontos de coleta: muitas cidades têm pontos de coleta específicos para lixo eletrônico. Verifique com a prefeitura ou empresas de reciclagem locais para encontrar o ponto mais próximo; 
  • Aproveite programas de retorno: algumas lojas e fabricantes oferecem programas de retorno, onde você pode devolver seus eletrônicos antigos para reciclagem ou descarte adequado; 
  • Doe ou venda: se o dispositivo ainda estiver funcionando, considere doá-lo para instituições de caridade ou até vendê-lo. Isso prolonga a vida útil do produto e reduz o desperdício; 
  • Jamais jogue no lixo comum: não jogue seus eletrônicos no lixo comum, pois eles contêm materiais perigosos que podem contaminar o solo e a água. 

Como funciona o descarte do lixo eletrônico de forma correta? 

Apesar de sua importância, vale destacar que a reciclagem de eletrônicos é desafiadora – e por diversas razões. Uma delas é o fato de que os dispositivos descartados são fabricados em proporções variáveis ​​de vidro, metais e plásticos.  

Na prática, o processo de reciclagem pode mudar, dependendo dos materiais que estão sendo reciclados e das tecnologias empregadas. Contudo, é possível ter uma visão geral de como o processo de reaproveitamento e reciclagem acontece. 

Etapa 1 e 2: Coleta e transporte

São duas das etapas iniciais do processo de reciclagem. Os recicladores colocam lixeiras de coleta ou cabines de devolução de eletrônicos em locais específicos. Na sequência, transportam o lixo eletrônico coletado para fábricas e instalações de reciclagem.

Etapa 3: Separação

Já nas instalações de reciclagem, as sucatas eletrônicas devem ser processadas ​​e separadas, manualmente ou por um computador, selecionando-os por condições de uso. A separação eficiente de materiais é a base da reciclagem de eletrônicos. Os aparelhos são desmontados, sendo que cada componente – a carcaça, a bateria, o vidro e as placas de circuito – tem um destino diferente. 

Etapa 4: Trituração 

A carcaça é triturada, permitindo a separação dos materiais conforme a densidade. Esse processo é realizado por uma máquina que, também, realiza uma nova separação dos materiais presentes. Essa separação ocorre de acordo com a densidade de cada elemento ali presente.

No Brasil, ainda são poucos os locais no qual as máquinas conseguem triturar e separar metais preciosos, mesmo que em pequena quantidade. Por isso, as recicladoras trituram as placas eletrônicas e, posteriormente, encaminham para empresas europeias realizarem a reutilização deste material.

O descarte de eletrônicos correto é essencial, até mesmo pequenas placas podem contaminar o meio ambiente!

Etapa 5: Destinação correta

Os resíduos plásticos podem ser vendidos para outras empresas que usam os polímeros, incinerados para gerar energia ou derretidos gerando outro plástico. Já os materiais tóxicos são colocados em tanques de armazenamento, sendo encaminhados para empresas especializadas. 

Os vidros das telas de celular, televisores e monitores possuem diferentes substâncias, como chumbo e arsênio. Por isso, eles são classificados por tipo de vidro ou misturados, sendo tratados após um processo de moagem e comercializados para empresas que utilizam o material como insumo na fabricação de novos produtos.

Especialmente no processo de reciclagem, é possível constatar um grande número do que é rotulado como “lixo eletrônico” e que, na realidade, não podem ser considerados sucatas. Estes, por sua vez, são equipamentos eletrônicos inteiros com peças comercializáveis ​​para reuso ou na reciclagem para recuperação de materiais. 

Descarte de eletrônicos e reciclagem: grandes aliados na tecnologia sustentável! 

A reciclagem do lixo eletrônico permite recuperar vários metais valiosos e outros materiais, economizando recursos naturais, reduzindo a poluição, conservando o espaço do aterro e criando empregos. Além disso, o descarte de eletrônicos correto possibilita que, tanto peças como equipamentos inteiros, tenham sua destinação correta.

De acordo com a EPA, a reciclagem de um milhão de laptops economiza energia equivalente à eletricidade usada por mais de 3.500 residências nos Estados Unidos em um ano. Além disso, a reciclagem da sucata eletrônica de um milhão de telefones celulares também pode recuperar 16 toneladas de cobre, 34 quilos de ouro, 350 quilos de prata e 14 quilos de paládio.

Além disso, esse tipo de prática ajuda a reduzir o desperdício da produção. De acordo com dados da Electronics TakeBack Coalition, a fabricação de um único computador e um monitor requer o uso de 1,5 tonelada de água, 240 quilos de combustível fóssil e 18 quilos de produtos químicos. 

Desta forma, garantir o descarte correto de lixo eletrônico e a reciclagem de materiais auxiliam em uma produção e consumo mais conscientes e alinhados com a sustentabilidade.  

Como a logística reversa pode auxiliar no descarte de eletrônicos?

No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305/2010, obriga a implementação da logística reversa. Sendo assim, cabe às empresas a tarefa de definir meios para que o consumidor possa fazer o descarte de eletrônicos e de outros materiais de maneira adequada, garantindo a preservação ambiental. Eletroeletrônicos, pilhas e baterias são alguns dos produtos citados na lei.

Muito além do cumprimento das diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, as empresas vêm priorizando a logística reversa por uma questão de segurança. Isso ocorre porque quando o descarte de eletrônicos, como computadores, é feito de maneira inadequada, a empresa corre o risco de sofrer golpes de phishing.

A logística reversa, como foco no descarte de eletrônicos de maneira correta, é orientada pelo conceito de economia circular. O objetivo é reutilizar os resíduos de materiais descartados de modo que eles sejam a matéria-prima para a fabricação de novos produtos. Desse modo, é possível maximizar o valor do produto e reduzir o consumo e o desperdício, diminuindo o impacto no meio ambiente.

A economia circular se opõe ao sistema linear que explora excessivamente os recursos naturais e gera um grande acúmulo de resíduos. Isso porque as companhias exploram a matéria-prima, produzem os bens e o descarte é feito sem a devida destinação e aproveitamento. 

A maioria das companhias ignora este risco. Porém, o fato é que a falta de protocolo para o manejo e descarte de eletrônicos gera prejuízos ao meio ambiente e ainda pode incorrer na responsabilização da empresa pelo uso ​​indevido de dados dos seus clientes e colaboradores. 

Como as grandes companhias lidam com o descarte de seus produtos? 

Todo ciclo de vida do produto gera uma quantidade de resíduos que deve ser devidamente tratada e encaminhada corretamente, seja para reciclagem, reutilização ou descarte final.

A boa notícia é que muitas companhias já estão investindo em um fluxo de processos claro, garantindo o descarte adequado de lixo eletrônico, a reciclagem e o aproveitamento desses materiais. Veja, a seguir, alguns cases de sucesso para se inspirar!

Apple

A Apple mantém um laboratório em Austin, no Texas (EUA), onde realiza pesquisas sobre novas formas de reciclagem de eletrônicos. Com a ajuda da Daisy, um robô reciclador com cinco braços automatizados, a empresa desconstrói 200 aparelhos iPhone por hora. O robô retira tela, bateria, parafusos, sensores, placa lógica e demais componentes dos smartphones. 

Dessa forma, a Apple consegue usar esses materiais reciclados na fabricação de novos produtos. No futuro, o objetivo é reciclar iPads, Macs e AirPods. Vale destacar que antes de desmontar os iPhones, a empresa costuma reformar aparelhos antigos. Somente quando os smartphones atingem o fim da vida útil são encaminhados para a reciclagem. 

Samsung

A companhia recuperou 2,64 milhões de toneladas de produtos que foram reciclados entre 2009 e 2016. 

Dell

Mantém uma política de recolhimento de seus equipamentos, buscando assegurar o descarte de eletrônicos de maneira adequada. Além disso, a companhia utiliza plástico retirado dos oceanos em suas embalagens. 

A Ingram Micro proporciona produtos e soluções tecnológicas, desde o momento em que você os adquire até o descarte de eletrônicos correto!

E como a Ingram Micro pode auxiliar no descarte correto de lixo eletrônico?

Cerca de 60% do lixo eletrônico vai para aterros sanitários, contaminando o solo com toxinas como mercúrio e chumbo. É mais do que urgente que as companhias repensem o modo como elas gerenciam a logística reversa. O desafio é facilitar o descarte de eletrônicos para os consumidores, assegurando também a reciclagem e o aproveitamento desses materiais.

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Paulo Batista

Paulo Batista

Paulo Batista é Gerente Sênior de Unidade de Negócios na Ingram Micro Brasil, lidera a divisão de Lifecycle Services, que abrange as áreas de ITAD, Logística Reversa, e HW ProServices. Com duas décadas de expertise em Serviços de TI e experiência sólida nas indústrias de Manufatura, Logística e Reparo, vem desempenhando papéis-chave em renomadas empresas como LG, Microsoft e Flex. É membro ativo do Conselho Global da E-Stewards e advisor na RLA (Reverse Logistics Association). Formado em Administração de Empresas, MBA em Negócios Internacionais, Especialização em Supply Chain pela Rutgers University em NY/USA, e MBA em Negócios Digitais pela USP, além de certificações em Economia Circular e Lean Green Belt, fortalecendo ainda mais o comprometimento com práticas sustentáveis e eficiência operacional.