Anunciado em 2020, o processo de eliminação gradual da política de cookies pelo Google começou apenas em janeiro deste ano. A medida, originalmente prevista para 2022, foi adiada para 2023 e, posteriormente, para 2024.

Segundo Big tech, o atraso se deu porque o mercado, precisava de mais tempo para se adaptar à medida. Além disso, o Google também precisava testar as alternativas aos cookies. Isso significa o fim do compartilhamento de cookies? E como isso impacta as organizações?

Ao contrário do que possa parecer, a eliminação do uso de cookies de terceiros pelo Chrome entre os mecanismos de navegação não é exclusividade. A medida segue o exemplo de outros navegadores, como Firefox, Safari e Edge

Essa mudança está acontecendo devido ao aumento da preocupação com a privacidade dos usuários na internet. Ou seja, a busca por novas alternativas tem como foco a segurança de dados.

Entenda, neste artigo, como essa mudança impacta a política de cookies, e como isso afeta as empresas.

Para que servem os cookies?

Antes de entendermos para que servem, é preciso compreender o que são os cookies. Tratam-se de arquivos criados por sites para coletar informações sobre a navegação dos usuários na internet

Eles consistem em pedaços de texto com alguns dados dos usuários – como nome e senha – enviados pelo navegador por meio dos sites visitados. Na prática, eles servem para auxiliar o site a recordar as informações sobre a visita do usuário, facilitando o acesso quando ele retorna a página. Além disso, eles ajudam a melhorar a experiência de navegação na web.

Geralmente sinalizado na parte inferior da página, o aviso de cookies informa o usuário sobre os procedimentos de coleta de dados, indicando também quais informações serão armazenadas.

A política de cookies pode ser usada, também, para:

  • Gerenciar as sessões: permite que as páginas visitadas reconheçam o usuário, recuperando informações e preferências de login individuais.
  • Personalizar conteúdos: os cookies auxiliam no direcionamento da publicidade. Isto é, com base nas preferências dos usuários, o site apresenta anúncios e conteúdos que possam interessar a ele, e até mesmo definir o idioma desejado.
  • Rastreamento: os sites utilizam a política de cookies para rastrear os itens comprados e vistos anteriormente pelo usuário, permitindo que sugiram outros produtos semelhantes que ele possa gostar. Eles são usados, ainda, para rastrear e monitorar análises de desempenho, verificando quantas vezes uma determinada página foi visitada ou quanto tempo o usuário passou nela.

Conheça os tipos de cookies

A política de cookies engloba os diferentes tipos. A seguir, explicamos um pouco mais sobre duas categorias e o que elas abrangem. Confira!

Cookies primários (first-party cookies)

São os cookies criados pelo site visitado pelo usuário. Eles otimizam a experiência, ao lembrar as preferências e armazenar os dados coletados que são relevantes para o funcionamento da página.

Conhecidos também como cookies essenciais, eles são necessários para executar o site ou serviço acessado pelo usuário, garantindo que as credenciais – login e senha – sejam lembradas.

Cookies de terceiros (third-party cookies)

Diferente dos primários, os cookies de terceiros não são criados pelo site que o usuário acessa, mas sim por páginas diferentes, uma vez que estão vinculados aos anúncios presentes nelas. O uso destes é mais preocupante, pois permite que anunciantes analisem e rastreiem todo o histórico de navegação do usuário em qualquer site que contém anúncios.

Dentro deste modelo de cookies, temos os “persistentes”, que consistem em arquivos instalados de modo permanente no dispositivo do usuário. Assim, eles analisam e rastreiam o histórico de navegação em websites.

Este tipo de cookies é perigoso, uma vez que pode ter sido fabricados por hackers e utilizados para a instalação de vírus maliciosos nos dispositivos, com o intuito de roubar dados confidenciais e financeiros do usuário.

A existência dos cookies de terceiros está comprometida devido aos seus perigos sob a privacidade do usuário, comprometendo seus dados.

Por que os cookies de terceiros serão desativados?

Como vimos até aqui, os cookies de terceiros estão sendo gradualmente desativados e bloqueados pelo Google em seu navegador (Chrome). A meta é descontinuar 100% a coleta até o fim de 2024.

Isso significa o fim da política de cookies? Em partes sim, uma vez que ela elimina os cookies de terceiros que captam dados por meio de anúncios e vídeos pop ups, que surgem na página em que o usuário navega.

Na prática, a medida visa garantir a segurança e a privacidade, removendo os cookies de terceiros utilizados para monitorar a navegação do usuário.

Ou seja, o Google trabalhará para eliminar este tipo de prática, visando aumentar a privacidade e segurança das pessoas. Portanto, ele limita e bloqueia o rastreamento, reduzindo o número de informações que os sites e aplicativos podem acessar.

Entenda a relação do fim dos cookies com a LGPD

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece regras quanto à coleta, uso e armazenamento de dados de terceiros. Na prática, ela visa mitigar o uso e/ou a comercialização de informações pessoais indevidamente. Vale ressaltar que ela não proíbe o uso de dados, apenas busca proteger a privacidade dos usuários. 

O principal ponto em comum entre estes dois tópicos são os dados pessoais. Isso porque a fonte de informação utilizada pelos cookies  – sejam eles primários ou de terceiros – são os dados. Já a LGPD surge para regulamentar a forma como essas informações são usadas.

E, como já vimos, existe um tipo de cookie de terceiro, o cookie persistente, que pode rastrear e monitorar a navegação dos usuários, assim, como seus dados pessoais, anonimamente e sem consentimento. Ou seja, caso o website adote este tipo de abordagem, ele está infringindo a lei, podendo receber multas e punições, sem contar os danos à imagem da marca.

Nesse sentido, o fim da política de cookies de terceiros no Chrome surge em um cenário preocupante quanto à proteção e privacidade do usuário. Somente no ano passado o número de crimes cibernéticos deu um salto. O vazamento de dados aumentou em 60%. Ou seja, a desativação dos cookies de terceiros visa reduzir os riscos e evitar danos futuros, reforçando a proteção da privacidade do usuário.

A LGPD visa proteger a privacidade do usuário e, com isso, a existência de cookies de terceiros, especialmente os persistentes, pode estar comprometendo a lei.

Impactos do fim dos cookies no marketing digital

O fim dos cookies visa garantir a segurança e privacidade do usuário na internet. No entanto, essa alteração representa mudanças potenciais para o setor de publicidade e marketing digital, áreas que dependem deste mecanismo para a criação de estratégias.

Os profissionais do segmento veem a mudança com uma certa preocupação, pois esta transição afeta diretamente anunciantes, editores e empresas que dependem do rastreamento para o marketing direcionado.

A princípio, o fim dos cookies traz consequências visíveis, na hora de:

Mensurar os resultados

Medir o comportamento do usuário e o sucesso das campanhas fica mais difícil sem os cookies de terceiros. Isso porque, sem eles, é impossível acompanhar o percurso de compra do consumidor, o que gera perda dos pontos de contato – desde o clique em banners até a conversão.

Além disso, torna ainda mais desafiador rastrear os usuários em diferentes sites, dificultando a análise do comportamento do consumidor

Segmentar o público

Construída a partir dos interesses dos usuários, a segmentação serve para criar campanhas e estratégias mais direcionadas, voltadas a determinado público-alvo.

Com o fim dos cookies, os anunciantes terão menos dados para identificar os interesses em comum entre os usuários, o que dificulta a segmentação, afetando diretamente a criação de estratégias focadas em determinados grupos.

Desenhar estratégias 

Sem os cookies de terceiros, os profissionais de marketing digital têm acesso a menos informações sobre os usuários, podendo apenas se basear em dados coletados dentro do próprio site ou plataforma.

Isso significa que, para entender o comportamento de modo efetivo, será necessário buscar outros meios, como ações voltadas a persuadir e envolver o cliente, para que ele forneça algumas informações por vontade própria. 

Quer saber mais sobre as diferentes estratégias de marketing. Confira nossos conteúdos sobre o tema!

Captação de dados pós-cookies será possível?

Estima-se que até o fim de 2024, o Chrome irá descontinuar o uso dos cookies de terceiros. Com isso, o mercado publicitário terá que recorrer a novos meios para personalizar suas campanhas e alcançar o público-alvo

No entanto, isso não é motivo para desespero. Apesar dos desafios, especialistas acreditam que o fim dos cookies de terceiros marca uma nova era, mais forte e segura, principalmente na construção de uma relação autêntica com o cliente.

Em entrevista para o site Terra, André Assis, CEO da Xlab, destacou que o fim dos cookies representa uma evolução para o mercado e permite a criação de estratégias centradas no cliente. 

Na prática, esse movimento pode ocorrer por meio da priorização de um marketing direto, construído a partir da coleta de dados próprios – adquiridos pelo site da marca e cedidos pelo cliente. Isso permite a construção e fortalecimento de uma relação de confiança. Outro método seria produzir conteúdo de qualidade, investindo na criação de materiais otimizados para SEO em diversos formatos.

Além disso, é fundamental revisar os processos de tomada de decisão. Adotar o uso de dados primários – cedidos pelo usuário – ao invés dos cookies de terceiros melhora não somente os resultados, como também a relação com o cliente. Para potencializar os resultados, é possível contar com ajuda da inteligência artificial, que permite prever tendências e padrões.

Vale destacar, ainda, que o Google está buscando uma alternativa aos cookies de terceiros. O Privacy Sandbox é um recurso que limita o rastreamento do usuário e restringe a quantidade de informações acessadas pelo site, garantindo que elas permaneçam seguras, privadas e protegidas. 

Privacidade de dados com Ingram Micro

A proteção de dados tem se tornado essencial ao longo dos últimos anos, principalmente após o aumento do número de ataques cibernéticos. Por isso, políticas como a eliminação dos cookies de terceiros visam o aumento da privacidade e proteção do usuário. 

De outro modo, com a LGPD em vigor, outras coisas também estão em jogo, como garantir o compliance legal da empresa. Ou seja, manter os dados corporativos protegidos é ainda mais importante nos dias atuais. Para tanto, você pode contar com o apoio da Ingram Micro, que oferece soluções robustas e confiáveis para garantir a segurança da estratégia de TI. Entre em contato e saiba mais!

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Alexandre Nakano

Alexandre Nakano

Diretor de Segurança e Networking da Ingram Micro Brasil. A frente da diretoria de novos negócios para a área de Enterprise, Colaboração e Cybersec na Ingram Micro Brasil, possui mais de 20 anos no mercado de tecnologia e esteve sempre em cargos de gestão e direção de vendas em grandes empresas do setor de TI. Tem, em seu currículo, passagem por empresas como Cisco Systems, Cyclades/Avocent, Westcon/Comstor e Scansource/Network1. Além da experiência profissional, traz na bagagem acadêmica dois MBAs executivos, o primeiro em gestão corporativa pela FGV, o segundo em finanças, pelo Insper, além da graduação em Engenharia Eletrônica.